terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Congresso Rever 2011

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segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Dependência e codependência

A dificuldade em colocar limites é um problema para muita gente.
Muitas pessoas encontram-se vivendo relacionamentos nocivos. Tais relações são aquelas em que ocorrem sérios desequilíbrios entre as pessoas envolvidas. Geralmente, de um lado, há alguém aparentemente bastante zeloso e responsável; e, de outro, um indivíduo que é exatamente o oposto disso. Assim é o pai que resolve todos os problemas do filho inconsequente; a mulher que suporta as armações do marido em nome da fidelidade conjugal; o trabalhador que carrega nas costas o fardo deixado por um colega negligente. Nesse tipo de relacionamentos, geralmente predomina a falta de limites. E, mais grave ainda é que, com frequência, um dos lados sempre arca com as consequências de escolhas e atos irresponsáveis de alguém que lhe é próximo.
A dificuldade em colocar limites para o outro é um problema para muita gente. As justificativas podem variar um pouco, mas todas apontam numa mesma direção: como o outro vai mudar se não o socorrermos e prestarmos ajuda? De que maneira vai mudar sua atitude e comportamento se deixado sozinho? Com desculpas desse tipo, muitos se tornam codependentes daqueles que se acostumaram a ter alguém sempre resolvendo os problemas criados, mesmo manifestando contrariedade. Relacionamentos assim formam uma espécie de engate, onde um necessita do dano e outro precisa da recriminação. E assim a dependência e a codependência se alimentam, às vezes por toda uma vida.
Impossível deixar de lembrar a parábola do filho pródigo, registrada no evangelho de Lucas. O contexto da época indica que aquele pai da história contada por Jesus não queria dividir a herança dos filhos antes da hora – mas acabou cedendo. O rapaz viveu como bem quis e gastou o dinheiro sem controle nenhum, até ficar sem nada. Contudo, o pai, ainda que saudoso e angustiado pela ausência do filho, nada fez para resolver seu problema. Teve estrutura e recursos internos para aguentar a dor de saber que ele sofreria as consequências das suas próprias escolhas. E foi justamente a ausência do socorro paterno que permitiu que aquele jovem experimentasse o desespero decorrente de sua própria insensatez.
Na dor da angústia, o rapaz caiu em si e lembrou-se do conforto da casa do pai. Imediatamente, tomou o caminho de volta, arrependido. Consciente de sua falha, resolveu até abrir mão da sua condição de filho e fazer parte da criadagem do pai. A parábola é uma ilustração do amor de Deus para conosco, aquele tipo de amor maduro, que deixa o outro livre para escolher e aprender com suas próprias decisões. O mesmo amor que se dispõe a receber de braços abertos o penitente, desde que haja um verdadeiro arrependimento e disposição para uma nova atitude e um novo comportamento.
Normalmente, pessoas que desenvolveram um comportamento nocivo e irresponsável, quando percebem o fracasso, acusam e culpam os outros por aquilo que é sua responsabilidade. E, enquanto considerar que a culpa é “do outro”, nenhuma pessoa se empenhará para promover mudanças em si mesma. Outros usam de manipulação, ameaçando sonegar afeto e rejeitar os familiares ou parceiros; e há ainda os que agem com agressividade, e às vezes até violência, intimidando e forçando aqueles que os cercam a se submeterem mais facilmente.
Só deixa a codependência quem fortalece a si próprio, preparando-se para enfrentar acusações e julgamentos injustos. É necessário, também, estar pronto para suportar um possível distanciamento, e por vezes até a rejeição, diante da decisão de deixar o outro entregue a si mesmo. E, corajosamente, suportar o mal estar de estabelecer limites, não cedendo a nenhum tipo de pressão que possa vir de quem se tornou dependente, sabendo que há uma chance para a mudança de quem experimenta na própria pele os danos das escolhas erradas.
Certo pai, cansado da falta de responsabilidade do filho – que tinha um péssimo rendimento universitário por conta das noitadas e frequentes bebedeiras – e de fazer tudo o que podia para fazê-lo melhorar, estava a ponto de desistir. Até que um dia, depois de muito refletir, resolveu liberar o filho para fazer suas escolhas. E fez o seguinte discurso: “Meu filho, quero estar do seu lado, mas daqui para frente é você quem vai escolher onde vai desfrutar dessa companhia. Pode ser na sarjeta, no hospital ou na cadeia; também pode ser num trabalho onde se sinta realizado, no banco escolar ou aqui em casa. Só que não vou mais resolver os problemas que você tiver causado a você mesmo. Saiba, contudo, que estarei sempre disponível e por perto. A escolha é sua.”
Fonte: revista Cristianismo Hoje – de Ester Carrenho